quarta-feira, 20 de março de 2013

Ela era nostalgia. Menina pequena de sonhos grandes. Seus olhos exibiam a beleza de todas as primaveras que vivenciou, de todas que amou. Ela era o amor, e era também o medo de amar. Mas aqueles lábios diziam não ter medo de nada e eu já hipnotizado acreditava. Ela só gostava do jeito calmo que a banda tocava. Seus cabelos negros as vezes presos em um coque eram tão belos quanto soltos a chicotear em suas bochechas, mas quando soltos exibiam a pureza e ingenuidade que seus olhos escondiam. Ela era como um enigma que se resolvia sozinho, independente, mulher dela só. Seu corpo era como uma escultura perdida, uma poesia sem escritor, uma pintura sem pintor. Sua pele branca marcava o colar que suas clavículas formavam, os ossos de seus finos quadris e seus joelhos delicados. Ela era como uma fotografia desfocada de um fotógrafo amador, e que mesmo assim era a mais bela. Tão bela e distante como uma constelação recém nascida no céu. Mas ninguém a viu nascer, ninguém ouviu seu assobio que envolvia as estrelas menores. Aquela menina era grande demais pro meu coração, por isso foi morar no céu. Foi sem partir, foi sem mais rir. Sua risada era meu jeito favorito da banda tocar, mas agora só há silêncio. Eu sinto falta dos gritos de seus mistérios, de seus olhos, de seus segredos e lábios. Eu sinto falta da menina que conheci, da mulher que vi partir. E agora eu a escrevo mesmo sabendo que seus olhos não pertencem mais a mim. Assim como seu coração, que nunca pertenceu.
__ Campos

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