quinta-feira, 21 de março de 2013


Quando eu era pequeno chorava de medo do infinito. Hoje aguento firme. A primeira sensação de que as coisas não tinham fim foi com os nomes. Quase desisti. Havia um sujeito surdo e mudo lá na rua e pensei que, se aquilo era possível, queria ser como ele. 
(…)
A segunda sensação do infinito foi no sítio de um amigo do meu pai. A gente foi passar um fim de semana e deitei na beira da piscina à noite, de barriga pra cima. Nunca tinha visto um céu como aquele. Estavam todos bebendo e esqueceram de mim. Fiquei horas deitado lá. Dava pra sentir o espaço sem fim. Uma tremenda sensação de vazio e desamparo me deixou meio melancólica, mas se um dia tiver o azar de chegar à presidência do país faço uma lei que obrigue cada cidadão a pelo menos uma vez no ano ficar horas deitado olhando o céu estrelado.
Manual De Sobrevivência Familiar

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